Mais de mim...

Mais um ano se finda, e os pensamentos ainda que sem intenções ladeiam as paredes das lembranças. Penso em todos os anos que se passaram, nos dias vividos até hoje, os acontecimentos bons, os ruins e até mesmo aqueles que nem sequer tiveram sua importância, mas estiveram presentes em alguns dias da minha vida.

Penso na infância, lembro-me da escola que eu tanto amava, das festas de família, da primeira bicicleta, da primeira coroação, do jardim de infância, como era lindo! A fazenda do meu avô, como era importante para ele que fôssemos felizes. Da pescaria com meu pai, do balanço no pé de jaca, da pureza das pessoas, da inocência perdida. Dos sorrisos, antes tão baratos, hoje caros demais. Penso no pouco que me fazia feliz e no muito que hoje ainda não nos faz.

Lembro-me da irresponsabilidade da adolescência! Ai como era bom! Lembro do cheiro da fazenda dos meus tios, lembro-me do banho no ribeirão, do cheiro do curral, do leite fresco, dos cavalos lindos, da terra molhada, do pé de carambola. Engraçado como as coisas passam e ainda ficam tão vivas em nós. Enquanto escrevo nessa sala fria, sinto o cheiro da terra molhada, da páscoa na fazenda!

Lembro-me do primeiro beijo, do primeiro amor, do primeiro contato com o corpo alheio, das descobertas... Parece que se passou uma eternidade até o dia de hoje e a vida vai seguindo o seu curso, me fazendo pensar no futuro, no que me espera, no que fazer no dia de amanhã. Afinal, as responsabilidades e atribuições hoje são tantas.

E de uma coisa principal não me esqueço, os mais velhos sempre riam e diziam : Isso é que é felicidade! E hoje entendo o significado dessa pequena frase. Com os anos da minha vida aprendi a ver com os olhos da simplicidade a ver com os olhos da alma, e como eles enchergam! Felidade está nas pequenas coisas, no balanço do pé de jaca, no tomar a água de côco e se molhar inteiro, no pegar carona com a charrete que levava o leite, na escola, nas festinhas deliciosas da adolescência, na paixão que te fazia suspirar e até quase morrer simplesmente ao sentir a presença daquele alguém, na intensidade dos momentos com que as crianças e os adolescentes vivem.

É... Acho que aprendi isso a tempo e poderei sentir e viver muito mais para lembra-me na posteridade. Ô coisa boa é saudade! Ô coisa boa e recordar-se! Eu poderia suportar viver uma vida inteira de desgostos se houvessem lembraças que me trouxem o gosto que estou sentindo agora. E para esse ano que se inicia, desejo para vcs que também possam viver momentos com muita intensidade, a vida passa muito rápido e o que não viveu hoje, talvez não possa viver amanhã, por isso, curta o cheiro de terra molhada, tome banhos de chuva, faça viajens inesperadas, não planeje e ainda assim realize, saia de casa sem ter hora para voltar, se suje de lama, volte naquela fazendinha que há anos não vai, monte à cavalo, chupe manga e se lambuze inteiro, tome banho de ribeirão, de mangueira, de cachoeira. Suba em pés de coqueiro pela simples vontade de tomar aquela água no côco. Viva amigos, viva! Sinta cada minuto do seu dia, trabalhe menos, se importe menos com a roupa que não pode se sujar, se importe menos com o dinheiro que precisa ganhar, dê atenção a estas simples coisas e verão que felicidade não está bem onde procuramos!

Feliz Ano Novo a todos!!!